Minha primeira DST (doença sexualmente transmissível) foi HPV. Eu tinha vinte e poucos anos. Vivia a ilusão que podia tirar o preservativo da relação sexual porque tinha um relacionamento fixo com o namorado.
Esse é o pensamento de muito de nós: relacionamento fixo = sexo sem camisinha.
Passado o período do primeiro tratamento e livre das verrugas, segui a vida normalmente lembrando do preservativo nas relações posteriores. Após ser detectado com HIV este ano e com a minha imunidade baixa, o HPV voltou com força total. Fui orientado pela Dra Roberta, proctologista do Hospital Municipal Piedade, voltar três meses depois quando o meu CD4 estivesse normalizado.
– Não sei se você sabe mas uma vez detectado com HPV, sempre teremos o vírus latente. Ele não desaparece. Se a imunidade cai por algum motivo é bem provável que as lesões reapareçam.
Passados quatro meses do nosso último encontro, hoje nos vimos pela segunda vez. Logo na chegada ela me reconheceu.
– Como foi a viagem, Sandro? Estamos com as taxas normalizadas?
Falei rapidamente sobre Vienna e mostrei a minha última contagem.
Já pelado e com a bunda pronta pras doutoras examinarem – hoje conheci a Dra Thais – falamos sobre o tabu do nu que anda assombrando a família tradicional brasileira. “Eu já perdi a vergonha. Adoro fazer um nude na rede”, falei brincando. Finalizamos ao bate-papo sorrindo e desanimados com o regresso do nosso país enquanto elas me examinavam.
A primeira notícia boa do dia foi a regressão das lesões. Hoje elas encontraram apenas duas, uma interna e outra externa. Me elogiaram. Elas atribuem essa melhora à subida do CD4. Ambas fizeram o procedimento, me desconectaram do anuscópio – conheci meu brinquedinho hoje – e eu vim trabalhar tranquilizado. Nos veremos nas próximas semanas pra finalizarmos o tratamento.